sábado, 8 de outubro de 2011

Cai ou não Cai?


A queda da URSS, no final de 1991, levou a abertura de muitos países socialistas e sua reintegração na ordem mundial capitalista, com ou sem sucesso. Porém deixou alguns “órfãos” do Império Vermelho, dentre eles, a Republica Democrática Popular da Coréia, mais conhecida como Coréia do Norte. O país sofre vários problemas econômicos, energéticos e uma grave crise alimentar, situações que só não são piores graças a doações vindas de outros governos.

Durante esta década, a Coréia do Norte manteve um nível baixo, mas regular de crescimento do PIB, melhoria insuficiente para quem amarga o 95° lugar entre as economias mundiais e 145° lugar no ranking do PIB per capita. Entretanto, o modelo econômico e as indústrias ainda refletem o sucateado sistema que permitiu o crescimento norte-coreano dos anos 70: o trio economia planificada e centralizada, indústria de base e indústria bélica. A novidade agora são os investimentos em tecnologia nuclear com claro viés para a construção de armas de destruição em massa, a despeito de seu uso ser melhor justificado para a geração de energia, um problema crônico no país, que depende do petróleo chinês vendido a “preços amigáveis”.


 No começo dos anos 90, um duro baque para o governo norte-coreano, na sequência da queda do bloco socialista, uma sequência de climas desfavoráveis da início a uma crise alimentar crônica na Coréia do Norte, não solucionada até hoje. Um olhar mais crítico não culpará totalmente o acaso ou a infelicidade do país: a produtividade no campo caiu drasticamente após a realocação e coletivização de terras no governo Kim Il-sung, porém essa faceta ficou maquiada sob acordos favoráveis de comércio com a União Soviética, até os anos 80, e a China. Hoje, o problema só não é mais grave graças a ajuda de -pasmem! – Coréia do Sul, Estados Unidos, China, etc., e graças a uma espécie de chantagem atômica, trocando alimentos pela diminuição do arsenal e dos centros nucleares.

 A despeito da crise alimentar, da crise energética e da intensa repressão sofrida pela população, o país passa por um processo de sucessão no poder. O atual comandante, Kim Jong-il está com 69 anos e não há como saber precisamente seu estado de saúde devido ao forte controle da imprensa pelo governo da Coréia do Norte. O que se sabe é que ele está preparando seu filho Kim Jong-un para ocupar o cargo de chefe-de-estado norte coreano, o que se especula ser do desagrado da ala mais linha-dura e militarizada do Partido Comunista, o que poderia gerar um racha ou enfraquecimento do poder. Mas como tudo na Coréia do Norte é nebuloso e as únicas fontes oficiais que temos são controladas diretamente pelo próprio estado, tudo pode não passar do campo da suposição.

Fome, crise energética, uma possível crise de sucessão nos próximos anos…o palco está armado. Os primeiros anos de Kim Jong-un no poder vão definir os rumos e a existência da Coréia do Norte como Estado socialista e caso isso não seja possível, uma possível transição para o capitalismo. Se será uma reunificação com a Coréia do Sul, abertura pacífica para o capitalismo ou em um cenário mais trágico envolvendo alguma espécie de conflito. E para o tão sofrido povo norte-coreano, a forma da transição fará toda a diferença.